“Posso levar mais do que uma mochila?” Reportagem da TSF

Alunos na pele de refugiados: “Posso levar mais do que uma mochila?”
06 DE ABRIL DE 2016 – 16:10
Na escola de St. António, em Faro, os alunos reconhecem que teriam dificuldades em conseguir alimentos e conforto. Entre outras coisas, escolheram levar na mochila o telemóvel, roupa e bolachas.

Reportagem de Maria Augusta Casaca/TSF

As aulas na Escola EB 2,3 de Santo António em Faro tiveram um tema comum: a vida dos refugiados. Os alunos viram filmes e falaram sobre um assunto que ainda lhes é distante e de que só têm conhecimento pelos meios de comunicação social. Mas serviu para alertar consciências.

A aula hoje foi diferente. A Joana viu filmes sobre a realidade dos refugiados e ouviu o que a professora lhes contou. “Teríamos que passar por um campo onde estava muito frio e teríamos de fazer fogueiras para nos aquecer”, diz a jovem.

O João tenta pôr-se na pele de alguém que é obrigado a fugir de um País em guerra. “Era obrigado a apanhar a minha comida quando não a tivesse, dormia ao frio, era muito complicado”, admite.

Para outros alunos essa realidade é algo que nem conseguem conceber. “Ai, nunca pensei nisso”, diz outra estudante acrescentando que “tentava talvez chegar a Portugal ou a outro país”.

E se tivesses que partir e deixar tudo para trás? “Eu não conseguia viver sem a minha mãe, teria que ser muito forte”, sublinha a aluna.

Na Escola de Santo António, em Faro, foi proposto aos estudantes que em vez de levarem uma mochila que já os sobrecarregaria com mais peso do que o habitual, escrevessem ou pintassem aquilo que levavam em caso de fuga.

Depois de ter analisado com os seus alunos este tema, a professora Iola Ribeiro tem uma certeza: muitos têm dificuldade em conceber a sua vida sem alguns bens materiais. Querem levar mais do que uma mochila e tudo o que podem.

“Um dos alunos alunos perguntou-me se podia levar mais do que uma mochila”, diz a professora que tentou alertar consciências questionando-o se não seria preferível libertar espaço para mais um passageiro em vez de levar mais bens materiais. E o aluno, diz a docente, ficou a pensar.

Notícia publicada pela TSF.

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